domingo, 16 de dezembro de 2012

Ele foi tão longe para encontrar nenhuma esperança Ele nunca mais vai voltar ♫




Ele vinha cambaleando como se o sangue fosse de mentira e a guerra uma brincadeira.
Na sua mente insana era exatamente isso. A batalha enlouquece as mentes fracas.
Com um sorriso nervoso e um olhar arregalado ele caminhava tropeçando nos corpos,
Como uma criança que quer mostrar pra mãe a arte inocente que fez.
Um zumbi com um fio de esperança de voltar à pátria amada.
Ao fundo explosões, tiros e gritos. Enquanto caminhava sem medo pelo campo minado,
Arrastava pelo braço seu amigo que morrera, como se este fosse um brinquedo que não queria largar. Na perna esquerda coberta de sangue a farda, fruto de um corte que sofrera, mancava sem perceber. Pouco notava a presença dos inimigos, isso não importava mais,
Em seus delírios cantava o hino como se fosse uma canção de ninar
Para o amigo que arrastava. O calor estava se tornando insuportável
E o cheiro da morte começava a dominar o ar. Ninguém mais sabia o que era silencio, quando não as bombas eram os gritos que ecoavam em seus ouvidos. Em certos momentos, saía do transe e percebia que estava em guerra, mas logo voltava ao seu delírio confortador. O sol fritava seus neurônios e morria no seu coração a alegria, triste era andar e nunca chegar à miragem que vislumbrava. Flashs de suas melhores lembranças surgiam em meio ao cenário de corpos ao chão. Logo à frente a vala chegava, a cova larga onde jaziam os heróis dessa guerra, na beira ele caiu com a ausência de chão para o próximo passo carregou consigo o corpo do amigo e caiu por cima dos corpos dos heróis, alguns definhavam ainda vivos... Com muito esforço virou-se e olhou para o céu a luz rasgava sua retina e seu corpo estava cansado da luta. Acima de seus olhos pairava sua miragem: suas filhas dançando em ciranda. Cantavam sem parar.
O penoso soldado estica seu braço tentando tocar a doce miragem enquanto a sinfonia da guerra retumbava, fazendo-lhe perceber que morreria, o peito ofegante da luta a mente cansada dos delírios. O pobre soldado sorriu, vê-las era seu último desejo, mesmo de forma insana realizado. Descansa no peito seu braço direito e entrega suas últimas forças a guerra, seu sangue a pátria e seu corpo ao chão. E aqui morre nosso soldado, insano, mas honrado, sozinho e infeliz. Contando os dias para voltar pra casa.

segunda-feira, 9 de julho de 2012




Tu viraste-me as costasNão me deu as respostasQue eu preciso escutarQuero que você seja melhorHei de ser melhor também ♫♪
                                                         


Aconteceu sem muita dificuldade, como o oxigênio que entra e o CO² que sai dos meus pulmões. Foi natural, foi espontâneo, foi lindo.
Eu me acostumei com a sua presença, como se você já estivesse comigo há anos. Como se estivesse QUE ESTAR comigo a anos.
Então nos vemos todos os dias. E eu nunca me cansei de ver você passar. Arrumava desculpas para nos encontrarmos ao acaso e fingia surpresa.
Eu esperava ansiosamente que viesse falar comigo que pegasse em minhas mãos e perguntasse se iríamos embora juntos. Eu esperava suas mensagens antes de dormir, e por incrível que pareça eu sonhava com você todas as noites e até mesmo de dia eu sonhava.
Eu menti tantas vezes... E o pior que foi pra mim mesma. Eu me iludi. Porque estava vivendo isso sozinha. Eu me deixei levar, como tola, que sei que ainda serei tantas vezes. Eu te perdôo antes mesmo que me peça desculpas. Porque eu carrego algo muito melhor dentro de mim, e você sabe que será pra sempre.
E eu quero fugir de você, dos seus olhares de fingimento, não me alegra mais te ver passar. Eu já te matei de tantas formas na minha cabeça. E eu sei que o melhor pra mim e por conseqüência, pra você, é que eu fuja e fique o mais longe possível. Não fugirei por covardia, mas sim por liberdade.
Quero me ver livre das situações que me fazem encontrá-lo, livre das vezes que falam de você pra mim, livre de você.
Porque meus sonhos não se tornaram seus, sua vida não fez parte da minha, e cada notícia sua que recebo me sinto cada vez pior. Eu vou arrancar você de mim. Como fiz outras vezes com outras pessoas. Com outros covardes, com outros estúpidos que não mereciam nada além de dor.
Mas o seu sofrimento chegará, porque por mais que eu vá pra bem longe você ainda terá notícias minhas, e vai saber que estou muito melhor do que aquela última vez que te vi. Porque eu evoluo pra me tornar algo melhor, enquanto eu sei que vai permanecer no mesmo patamar: próximo ao chão.